quinta-feira, 24 de maio de 2012

Curto circuito põe em risco Arquivo Público do Pará


Crédito da foto: Ascom - Arqpep

Na madrugada da última sexta-feira, dia 18 de maio, um curto-circuito atingiu a sala de documentação permanente no Arquivo Público do Estado do Pará (APEP). O fato foi revelado nas redes sociais no fim de semana pela Diretora Executiva da Associação dos Amigos do Arquivo Público do Estado do Pará (ARQPEP) Ethel Soares.
O curto circuito ocorreu em uma tomada próxima de uma mesa de trabalho onde estavam vários documentos do início do século XX que estão passando por tratamento técnico. O vigia que estava de plantão no momento agiu rapidamente e desligou a rede elétrica do edifício, o que evitou o superaquecimento e, por conseguinte, o incêndio da documentação.
O prédio do Arquivo Público, localizado no centro comercial de Belém tem mais de 150 anos e abriga o acervo do APEP há 111 anos, data da fundação do órgão. Assim como vários prédios históricos da área comercial, o Arquivo Público possui fiações elétricas antigas que não suportam a demanda dos equipamentos que preservam os documentos, como os aparelhos de ar-condicionado que precisam estar ligados ininterruptamente para manter o clima ideal de conservação.
Também por causa da precariedade da fiação elétrica do prédio muitas ações que a ARQPEP planeja para o Arquivo Público não podem ser realizadas plenamente, como a digitalização da documentação do APEP, que é feita de forma lenta pois a rede não suporta todos os equipamentos de digitalização de uma só vez.
Para evitar incêndios procedentes da precária rede elétrica do Arquivo Público, os funcionários são forçados a se adaptar tomando certas precauções. No final do expediente, por exemplo, nenhuma tomada deve ficar plugada na tomada para evitar qualquer tipo de ocorrências.
Além dos problemas de estrutura física, o Arquivo Público também sofre com a redução da carga horária dos funcionários, o que obriga o atendimento aos pesquisadores e ao público em geral ser feita apenas em meio período além do desrespeito dos freqüentadores do entorno, que diariamente depositam lixo e restos de comidas dos ambulantes que trabalham na esquina em que o APEP se localiza, atraindo pragas como ratos e baratas que podem comprometer os aproximadamente quatro milhões de documentos que formam o acervo do Arquivo Público.
O Arquivo Público do Pará é o terceiro Arquivo Estadual mais importante do país e tem no seu acervo documentos únicos como o Fundo da Secretaria da Capitania, a mais antiga documentação do acervo da instituição e que foi reconhecida pela UNESCO com o selo “Memory of the World – MoW” devido ao seu inestimável valor histórico e cultural.
Ethel Soares afirma que a Secretaria de Cultura, a qual o APEP é vinculado, está ciente de todos esses problemas há muito tempo e nunca tomou nenhuma providência. “Essa já é a quarta vez que acontece uma situação como esta e temos todos os laudos dos bombeiros que comprovam a situação de risco que o Arquivo Público do Pará está passando”.
Soares diz ainda que há anos que os funcionários do Arquivo Público demandam a transferência para outro prédio, mais moderno e que possa atender as demandas de conservação do acervo e atendimento ao público, porém sem sucesso. “Sai governo, entra governo e nada é feito para que o Arquivo tenha um pouco mais de atenção, respeito e ser valorizado como um lugar onde é guardada  a memória de um estado, de um país”, conclui.
(Extraído do Site da Defesa Civil do Patrimônio Histórico)

Nenhum comentário:

Postar um comentário